Dra Rosangela Fedato médica ortopedista membro da Equipe IJO apresenta neste artigo informações importantes sobre as Terapias Celulares em ortopedia:
Terapias celulares são técnicas terapêuticas que consistem no uso de células ou seus produtos para o tratamento de lesões.
A membrana amniótica (parte da placenta), por exemplo, é alvo de estudos em lesões oculares desde a década de 60.
Desde então, inúmeros estudos in vitro (em laboratório) e em animais têm sido conduzidos, utilizando principalmente células-tronco e plasma rico em plaquetas no tratamento de diversas patologias.
As células-tronco são células encontradas na placenta, no embrião e em alguns tecidos adultos, como a medula óssea, que tem a capacidade de renovação e diferenciação em outros tipos celulares, podendo, teoricamente, substituir tecidos lesados por um novo tecido saudável.
O plasma rico em plaquetas é um centrifugado do sangue, rico em grânulos plaquetários, que por sua vez, contém fatores de crescimento e diferenciação celulares que também podem auxiliar na reparação de lesões.
A membrana amniótica é a parte interna da placenta, rica em tecido colágeno e possui propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e baixa antigenicidade.
Até o momento, há diversos estudos em animais com resultados promissores do uso de células-tronco, membrana amniótica ou plasma rico em plaquetas no tratamento de inflamações crônicas como as tendinites ou as lesões de cartilagem articular.
Porém, em humanos, os estudos são conflitantes, e ainda não demonstram resultados favoráveis ou superiores às terapias placebo.
Também não há padronização a respeito das doses necessárias destas substâncias em humanos, número de aplicações ou meios de cultivo e armazenamento.
Desta maneira, o Conselho Federal de Medicina considera estas terapias como experimentais, somente podendo ser utilizadas em estudos clínicos aprovados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CEP/Conep), não podendo serem anunciadas nem comercializadas, uma vez que não foi possível ainda estabelecer seu grau de utilidade e pela grande variedade de resultados finais.
A própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também proíbe a distribuição ou propaganda de tais métodos, o que também está previsto como proibição pela própria Carta Magna Brasileira.
De forma semelhante, na Europa e nos Estados Unidos da América ainda não há consenso sobre a utilização destas terapias nem sobre o seu preparo.
Portanto, tratar o uso de células-tronco, plasma rico em plaquetas ou membrana amniótica como alternativas de tratamento constitui-se em infração ao Código de Ética Médica e passível de punições como tal, apesar de se mostrarem possibilidades promissoras de tratamento e continuarem a serem extensivamente estudadas.
Dra Rosangela Alquieri Fedato Develis é médica pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, especialista em Ortopedia e Traumatologista pelo Hospital de Clínicas / Universidade Federal do Paraná e Mestre em Ciências da Saúde/Engenharia e reparo tecidual pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Referências
Fedato RA, Francisco JC, Sliva G, Noronha L, Olandoski M, Faria-Neto JR, Ferreira PE, Simeoni RB, Abdelwahid EA, Carvalho KAT, Guarita-souza LC. Stem Cells and Platelet-Rich Plasma enhance the healing processo of tendinitis in mice. Stem Cells International. Jun. 2019.
Código de Ética Médica – Artigo 18
Dra Rosangela Alquieri Fedato Develis
Ortopedista | CRM: 27580/PR
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Diretor Técnico Médico
DR LUCIO S R ERNLUND CRM 13519
Ortopedia e Traumatologia